domingo, 1 de abril de 2007

Considerações afinal *. (Parte 1)


Complexidade. Por meio dessa palavra podemos agrupar grande número de problemas para os quais a ciência ainda não encontrou uma solução rigorosa.
Um problema “complexo” geralmente envolve diversos parâmetros o que pode ou não caracterizar um problema interdisciplinar.
Quando nos confrontamos com um desses problemas difíceis de resolver, tentamos imaginar aproximações que o simplifiquem ou extrair os parâmetros pertinentes, quase sempre nos valendo da intuição ou do bom senso. Mas não existe uma formulação científica ou uma teoria do bom senso. Portanto, as soluções encontradas assim são sempre frágeis.
A complexidade é um elemento crescente no desenvolvimento da ciência. Todo nosso conhecimento do cosmos é um esforço em desfazer o emaranhado de informações múltiplas, em classificar e reduzir o múltiplo abundante ao mais simples e inteligível.
O estudo da física no ensino médio expõe um desafio: a aprendizagem da complexidade é rude, para um adolescente apenas o simples é inicialmente inteligível. Devemos estar atentos para que as simplificações não sejam abusivas, fazer com que percebam o quanto o real é diferente do discurso que fazemos sobre ele, sempre cuidando de não diluir em procedimentos globais a maravilhosa alegria de compreender, prevendo um modelo de mundo que, ainda que simples, seja capaz de proporcionar esta alegria.
Já foi constatada certa falta de interesse dos adolescentes pelas ciências. Também é fato que a maioria dos estudantes considera a física como uma das mais difíceis ou complicadas disciplinas.
Esses jovens esperam que a ciência tenha um sentido para suas vidas. A ciência e os que a ensinam devem estar sempre atentos a esta expectativa. Mesmo que a ciência seja só a parte da palavra que não vira poesia ou do sentimento que não vira palavra.
Durante muitos anos e até os dias de hoje, a escola mostrou aos jovens uma representação do universo (que como todas as representações contem diversas simplificações e aproximações) enquanto verdade absoluta, ao passo que esta é apenas uma forma de representar matematicamente uma visão de mundo limitada ao conhecimento que se tinha do universo há três séculos.
Para Newton, o movimento da terra é uma trajetória elíptica em torno do sol, causada pela gravidade. Para Einstein a trajetória da terra é uma linha reta no espaço-tempo deformado pela presença da massa do sol. Quem está certo? Ambos estão, segundo a sua visão de mundo.




Trecho da Monografia "Tempo, Física e Poesia - considerações sobre o tempo físico e poético"

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