terça-feira, 3 de abril de 2007

Considerações afinal - parte 2

O tempo matemático absoluto, necessário à mecânica newtoniana, é um conceito tão enraizado na cultura da humanidade que já podemos considerá-lo inerente ao ser. Como se fosse de nossa memória genética, nós nascemos com esse conceito e o transmitiremos às próximas gerações. Até quando?
Enquanto nossas escolas forem repetidoras de práticas absurdas como impedir que as crianças conversem na sala de aula, enquanto formos o mestre que, nas aulas de expressão artística, ordena aos alunos que desenhem uma paisagem e repreende alguém mais criativo: “você não pode pintar o sol de verde!”.
Enquanto nós, professores entrarmos na sala de aula, lotada de adolescentes ávidos por entender como funcionam o laser de seus leitores de CD, seus telefones celulares e câmeras digitais de CCD, e tentarmos convencer esses jovens que é mais importante estudar o movimento parabólico da bala de canhão ou ainda o movimento retilíneo e uniforme, que a rigor não existe.
Muitas vezes, parecemos ridículos, nossas idéias parecem ridículas. Permitimos-nos ser ridículos quando acreditamos na possibilidade de construir o novo e para isso, escolhemos os caminhos que consideramos razoáveis. Se estes caminhos finalmente nos conduzirem a algo, esse será extraordinário. Senão, o exercício de percorrer tais caminhos terá servido para nos preparar para novos empreendimentos. É esta a verdadeira escola da alma.
Os vários conceitos de tempo coexistem, todos eles estão corretos, e todos carregam suas imperfeições. Cada uma dessas definições é parte de uma representação do mundo real. Nosso conhecimento sobre o universo tem sua construção baseada na mestiçagem. O que aprendemos do mundo é o resultado da mistura de várias culturas, crenças, costumes, ciência, arte... reconhecer e respeitar essa diversidade de concepções é requisito básico nesta construção. Cabe-nos também transformar este conhecimento em algo que realmente importe ao ser humano. Reconhecer que somos parte desse sistema já é um bom começo.

Um comentário:

Leo* disse...

Construir estrelas
ficar no leme do tudo
Físico, poeta e pessoa
persistas sempre e sobretudo