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Eis que quando penso na evolução
humana me surpreendo ao constatar o quanto sou dissidente. Topei há pouco com
um texto (aqui) que ressuscita um velho
dilema que de tão velho nem sabia que existia. O dilema da roupa íntima, que
para muitos já teria sido debatido em excesso ao ponto de se chegar a
conclusões obvias como calcinha bege é feio, cueca furada não pode e tanguinha
nem pensar.Tanguinha?
Então vamos lá, qual deve ser a
importância de escolher a roupa de baixo, roupa intima lingerie ou qualquer
outro nome que se dê a ela.
Se a percepção feminina transforma a escolha da lingerie em uma missão
que chega a ser um ritual desejado, pensado e planejado segundo propósitos e
combinações, não é de se estranhar que se torne broxante quando o parceiro
arrancar aquela calcinha tão idealizada, parece que o esmero na escolha da peça
de roupa não foi da mesma forma considerado quando da escolha do parceiro. Se
elas sabem pra quem estão se vestindo também espera-se que saibam a forma que
serão despidas.
Não consegui encontrar no baú das reminiscências nenhuma referência à
obrigatoriedade de se começar pelas beiradas, parece-me que nunca foi uma
exigência de minhas parcerias sexuais que se começasse a comer pelas beiradas,
ao contrário, há momentos de fome extrema que requerem que se arrancam fora
panos, rendas, elásticos, fechos se quebram, botões são arrancados, e aquela
roupa escolhida a dedo ali jogada num canto dá provas de dever cumprido,
passando a não ter mais nenhuma importância naquele momento do encontro.
Ela não escolheu por acaso? Aquele encontro planejado que promete ‘mais’
foi antecedido por um ritual de escolha, longos minutos pra eleger a peça certa
a ser usada. A que combine com o corpo, valorize as curvas, empine a bunda, que
a deixe linda. Precisamos mesmo entender o que a roupa quer dizer? Sim,
mulheres são criaturas meticulosas – e fantásticas.
Ela vai eleger a peça a ser usada de acordo com a roupa escolhida,
conforme a ocasião, se casual ou não, de acordo com o tempo, e, principalmente,
segundo o estado de espírito. Ela vai se olhar no espelho duas vezes pra ver se
caiu bem.
Se a garota opta por um vestido leve, por exemplo. Bem poderia estar sem
calcinha, não deixa marcas sob a roupa, o contorno dos quadris fica ainda mais
evidente. Se o parceiro não for um ogro perceberá o detalhe deliciosamente
excitante e passará todos os momentos que antecedem à revelação alimentando
suas fantasias e aquecendo o desejo, ele estará pronto para admirá-la, sentir
suas curvas, revelar o tesão, elogia-la, Fale de sua pele, de seu cheiro, de
suas formas.
Se ela escolheu um sutiã tomara-que-caia, parece-me que tanto tempo de
escolha foi desperdiçado, pois não há coisa mais inadequada para uma mulher
possa usar em um encontro promissor. É feio e desajeitado, nunca vi um que
valorizasse as formas dos seios, que aliás penso serem naturalmente belos e
dispensam ser modelados por sutiãs com barbatanas metálicas, bojo com formato
ou um recheiosinho que lhes aumente o volume. Na dúvida, não use.
Homens tem naturalmente alguma dificuldade em lidar com detalhes que as
mulheres tiram de letra, dificuldade em abrir um sutiã que pode ter fechos
laterais, traseiros, dianteiros ou nenhum, e não veem com manual de instrução
que possamos consultar quando precisamos abrir. Na dúvida meninas,
encarreguem-se de tirá-los vocês mesmas, assim não correrão o risco de terem
seus peitos esmagados ou os braços torcidos por um amante mais desajeitado.
Atentem-se também ao fato de que existem habilidades natas e adquiridas
alguns saberão lidar tão bem com suas vestes quanto saberão lidar com seu
corpo. Outros não terão para uma ou outra coisa, ou nenhuma.
Eu tenho preferência por encontros eróticos onde não precisamos ficar
planejando os passos, aqueles nos quais sem perceber como isso aconteceu já
estamos nus, corpos ardentes misturando nossos cheiros e fluidos em um lúbrico
bailado.
Se já namorarem há algum tempo, continue sendo carinhoso e demonstre o
seu desejo, considere que cada transa é um passo na evolução, deixe-a perceber
que você está atento às transformações naturais das curvas dos corpos, ao
amadurecimento das ideias e, principalmente ao prazer, que tende a se
intensificar conforme a cumplicidade cresce.
Deixe a sua amante (aqui esse termo é usado sem os preconceitos ligados
a ele pela cultura de nossa sociedade machista. Amante aqui é a mulher amada
que se entrega aos prazeres desse amor e desfruta-os com tesão) à vontade para
vestir-se e despir-se sem embaraços, deixe claro que você não espera que ela
esteja sempre com uma calcinha 0km com rendinhas laços e transparências como se
estivesse embrulhada para presente.
Deixe-a saber que você sabe que mulher
gostosa de verdade é mulher que goza e se entrega ao gozo sem se render aos
apelos do mercado que a tornam muito mais um objeto de vitrine, coberta pelas
lingeries da moda que custam caríssimo. Assim, ela vai ter a certeza do seu
carinho e atenção. A essa altura da conversa, você já sabe quem ganha com isso.
Um homem que observa a companheira, que busca conhecer seus desejos e
procura se aproximar deles, e comenta sobre a sua satisfação em ser seu
parceiro e que ainda tem sensibilidade para perceber sua roupa íntima, ajuda a
escolher ou dá de presente faz massagem no ego dela sabendo muito bem o que
está fazendo.
Caras, cueca furada ou encardida jamais, mulheres não gostam de homens
desleixados, valem banhos, sabonetes, perfumes (sem exagero), hidratantes...
Por fim, comentem sempre e elogiem as roupas bonitas a produção caprichada,
mas não gaste tempo e verbo demais com isso, o mais importante é o bombom
dentro da embalagem, muitas vezes o bombom está se derretendo pelo calor e você
vai ter que dar aquela lambidinha na embalagem pra não perder nada do delicioso
petisco.
O bom mesmo é o desejo não deixar brechas pra ficar pensando em como
tirar roupas.
4 comentários:
é, saber despir é uma arte que poucos dominam...
belo texto!
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